Os cavalos também se abatem.

Durante a grande depressão, nos anos 30 do século XX, na América, surgiram as Maratonas de dança.  Os pares dançavam durante dias a fio, até que apenas um se mantivesse de pé. Havia uma recompensa para esse casal, mas muitos participavam apenas porque assim teriam sete refeições diárias, ainda que não pudessem parar de dançar enquanto comiam!

Durante todos esses dias o público pagava bilhete  para ir espreitando como os dançarinos se aguentavam! De vez em quando tinham ainda provas surpresa, como correr durante 10 minutos sabendo que os três últimos casais teriam que abandonar a competição.

Em 1969, Sydney Pollack realizou um filme, com  Jane Fonda como protagonista, que nos mostra como  a miséria, as emoções e o desgaste físico dos participantes eram explorados até ao limite nessas maratonas. Um filme forte mas  que recomendo porque não há dúvida que a crise está de volta e todos ganhamos se pudermos evitar os erros do passado. Se não tivermos cuidado, talvez as maratonas de dança voltem também. Talvez voltemos a explorar a miséria humana, espreitando para alguns que se humilham, se desgastam física e  emocionalmente para conseguir uma recompensa ou simplesmente a fama perdida ou que nunca tiveram…

Talvez cheguemos aí, ou talvez já não falte nada e nos limitemos a espreitar do sofá  em vez de irmos à sala de dança…

5 pensamentos sobre “Os cavalos também se abatem.

  1. Eu já tinha lido sobre estas maratonas. Mas não sabia que chegava a esse extremo.
    E tem razão, João, as pessoas sentam-se no sofá para ver as maratonas deste século.

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    1. Eu também tinha uma vaga ideia, depois de ver o filme fui procurar informação e era mesmo muito mau… Agora, pelo menos por cá, também exploram bastante as emoções e continuam a fazer dinheiro com isso!

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  2. Parece-me que é por todo o lado. Até a Suíça que é um mundo à parte também gosta de escândalos, reality shows… Há dois anos um tipo espatifou-se num programa em directo. O tema foi abordado até à exaustão… Tinham um programa que era Bauer, ledig, sucht… que é Agricultor, solteiro, procura… e era isso mesmo. um reality show com agricultores jovens à procura da sua cara metade. Eu nunca vi, mas as coisas apareciam no jornal e tinha uma colega (mãe de filhos quase da minha idade) que era completamente viciada…

    Eu até entendo quem faz dinheiro com isso. É o trabalho deles. Agora o que não entendo é a sociedade em geral que permite que certas palhaçadas saiam cá para fora. Se o produto não for procurado, mesmo que eles queiram muito fazer dinheiro… não fazem…

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    1. Pois… Nós por cá são mais os Big Brothers e Casas dos segredos… Enfiam uns quantos dentro de uma casa, filmam 24 horas por dia e arranjam de tudo para os fazer rir, chorar, dançar, etc, etc

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  3. Não é por acaso que o Cinema é a 7.ª Arte. Criticar esta obra cinematográfica é um pouco complicado. Este filme baseado no livro de Alberto Morávia, é arte que teremos de guardar na nossa mente. Este mundo tem destas coisas. O debate de Os Cavalos também se abatem é uma bofetada em cada face. A Maratona de Dança conduz à questão “se para se sobreviver necessitamos de morrer em pé é preferível que seja a tiro, pelo menos jamais sofreremos.

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