A minha navalha e o meu chapéu!

Quem me conhece sabe que ando, quase sempre, com um pequeno canivete à cintura e com um chapéu. Houve um tempo em que não resistia a comprar mais um canivete, sempre que via um fora do comum. Recebi também muitos de amigos que, sabendo deste meu gosto, os ofereciam. Estão todos numa caixa lindíssima que a Isabel me comprou, em Granada. Agradeço cada um deles e, obviamente, a caixa também.

A mesma coisa se passa com os chapéus. Sabendo deste meu gosto recebi alguns e comprei também uns quantos. Não tenho tantos como navalhas, que devem passar de 40, mas tenho uma boa dezena deles e não resistia a admirá-los, sempre que encontrava uma chapelaria numa cidade que visitava.

Há mais de dois anos, no entanto, que deixei de comprar navalhas e chapéus. Gosto muito de todos os que tenho mas uso sempre o mesmo que a minha irmã Judite me deu. Uso apenas outro, em cabedal, que está na Dulcineia para o verão e fins-de-semana. Uso também sempre a mesma navalha, oferecida pelo meu filho com as minhas iniciais gravadas.

Com a idade tenho percebido que não importa ter muito, apenas ter aquilo de que precisamos, aquilo de que gostamos, aquilo que nos traz recordações, aquilo que nos faz feliz.

Sou feliz com o meu chapéu verde na cabeça, sou feliz com a minha navalha à cintura.

Não invejo chapéus novos, muito menos chapéus caros. Tempos houve em que sonhei ter uma Laguiole, uma navalha muito gira de uma marca francesa, autentica. Hoje não.

As coisas tornam-se especiais por serem nossas. Não trocava o meu chapéu verde por nenhum outro no mundo, nem a minha navalha!

Com a idade compreendemos que o que realmente tem valor é aquilo que nos acompanha todos os dias, nos bons e maus momentos e que se tornam especiais por estarem sempre lá e não aquilo que é novo, aquilo que é caro, aquilo que não é nosso.

As coisas mais valiosas, a maioria de nós, já as temos, basta cuidá-las e não as deixar perder!