Os Pobrezinhos

Um texto de António Lobo Antunes  que nos fala de um tempo que, infelizmente, pode ainda voltar. Um tempo onde a caridade substitui a dignidade… “Na minha família os animais domésticos não eram cães nem gatos nem pássaros; na minha família os animais domésticos eram pobres. Cada uma das minhas tias tinha o seu pobre, pessoal e intransmissível, que vinha a casa dos meus avós … Continue a ler Os Pobrezinhos

Coisas que roubo, sem vergonha! (2)

Sei que é preciso sonhar. Campo sem orvalho, seca A frente de quem não sonha. Quem não sonha o azul do vôo perde seu poder de pássaro. A realidade da relva cresce em sonho no sereno para não ser relva apenas, mas a relva que se sonha. Não vinga o sonho da folha se não crescer incrustado no sonho que se fez árvore. Sonhar, mas … Continue a ler Coisas que roubo, sem vergonha! (2)

Coisas que roubo, sem vergonha! (1)

Se o que em mim é um cavalo, soltasse as rédeas e se despisse, talvez fosse mais fácil dormir. O que é cavalo em meu corpo se acovarda e paga tributos aos coelhos e aos pombos sem graça alguma. O cavalo que sou se cala, grunhe, rói as unhas, temeroso. Sou um cavalo parado, sobre quatro patas indecisas. E o cavalo livre, dorso brilhante e … Continue a ler Coisas que roubo, sem vergonha! (1)